.jpg)
A Jornada de Rá através do Submundo
Rá, o deus do sol, era uma das divindades mais poderosas e veneradas do Egito. A cada dia, ele viajava pelo céu em sua barca solar, iluminando o mundo dos vivos. No entanto, ao anoitecer, começava sua jornada mais perigosa e desafiadora: a travessia pelo Duat, o submundo, onde enfrentava inúmeras provações e ameaças.
Quando o sol se punha, Rá entrava no Duat em sua barca, acompanhado por deuses guardiões, como Ma’at, a deusa da verdade e da justiça. O submundo era um reino repleto de demônios, espíritos e obstáculos que Rá precisava superar para garantir que o sol renascesse no dia seguinte. A travessia simbolizava a luta entre a ordem e o caos, a vida e a morte.
A maior ameaça à jornada de Rá era a serpente Apófis (ou Apep), uma criatura gigantesca que personificava o caos e as trevas. Apófis tentava destruir a barca de Rá todas as noites, buscando impedir o retorno da luz ao mundo. Em algumas versões do mito, Apófis provocava eclipses ou tempestades quando se aproximava da vitória.
Rá, no entanto, contava com a ajuda de outros deuses para vencer Apófis. Seth, o deus do caos e da destruição, muitas vezes é retratado como o defensor da barca solar, usando sua força para derrotar a serpente e proteger Rá durante sua jornada. O confronto entre Rá e Apófis representava a luta eterna entre a luz e as trevas, a ordem e o caos.
Além de Apófis, Rá enfrentava outros desafios durante as 12 horas da noite. Cada hora era marcada por um portal ou obstáculo, guardado por entidades sombrias que ele tinha que superar. À medida que Rá avançava, ele trazia consigo a luz que iluminava as almas dos mortos, permitindo que as almas justas atravessassem o Duat e alcançassem a vida eterna.
No final de sua jornada, ao amanhecer, Rá ressurgia no horizonte, trazendo novamente a luz e a vida para o mundo. A batalha era vencida, mas apenas por um ciclo; a jornada se repetiria todas as noites, perpetuando a eterna luta entre o caos e a ordem.